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Conversa de Botequim

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  • Que isso, meu nobre amigo Jack. Que surpresa negativa!!!!!!!!!!!!!!

    Ao perguntar por novidades, esperava coisa boa. Saúde é complicado, meu amigo. Espero que vc melhore rápido.

    Esse problema de coração é reflexo da sua honestidade e caráter. Se tem uma coisa que a vida me ensinou é que os BONS SE FERRAM. Os Bons sofrem acidentes, os bons têm problema de coração, os bons tem derrame, os bons tem isso e aquilo.

    Os maus são privilegiados. Já viu um desgraçado doente? aposto que não.


    Igual dinheiro. Só fica rico quem é desgraçado. Loteria? Pra desgraçado! Quem passa nos melhores concursos? Quem é ajudado por Deus ou pelo Diabo (não sei quem os ajuda)? Os maus...








    Desejo melhoras, amigo. Quando eu tiver acesso a médico, tbm pretendo fazer exames. Dar uma revisada na saúde, em especial fazer um teste de dsts.


    Obrigado pelas dicas.

    GRANDE ABRAÇO

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    • Postado originalmente por JACKBOY Ver Post

      Nobre confrade Luiz Araujo, bom dia! Obrigado pelas palavras! Tô de molho de uns tempos pra cá! A idade vai chegando e até o coração já não é mais o mesmo! Tive 2 infartos: o cardiologista falou que foi só um, mas pelas dores eu acho que foram 2! Escapei por pouco e uso um stent na aorta, por assim dizer: a artéria principal do coração! Após o cateterismo veio a angioplastia e o implante do stent pela artéria femoral! Você nem imagina a dor de um infarto (mais doloroso que pedras nos rins), sem falar no grilo, deu um nó na minha cabeça, ao escutar que poderia ser feita a temível cirurgia de ponte de safena! Graças a Deus, a ciência e minha família já estou em casa/sítio em recuperação! No final das contas, tive que rever um punhado de coisas: sono, carregar peso, alimentação, trabalho, bebida, etc.! Segundo o meu cardiologista, o stress do mundo contemporâneo além de fatores genéticos são determinantes nas doenças cardíacas! Inclusive, vou até dar um tempo com as T-Gatas, sem falar que tô tomando uma quantidade enorme de remédios e parece que o tratamento é mais ou menos longo! Por hora, nem tratamento dentário posso fazer! Como diz o outro, tenho que ralear o sangue, logo procurar não se ferir, etc. evitando os riscos de machucados e sangramentos! Enfim, a situação está controlada e diminui o meu ritmo! Cerveja sem álcool, uísque nem pensar, carne de porco que gosto muito, também nem pensar, etc.! Tô dando esse depoimento aqui no Fórum Travesti, pois acredito que deve ter foristas, amantes de T-Gatas e/ou até T-Gatas que podem ter problemas cardíacos e não sabem! Por isso, devemos sempre fazer check-up anual do coração pra quem tem mais de 50/60/70 anos! No meu caso, nem o check-up conseguiu cercar os infartos, após receber uma notícia familiar que me deixou bastante abalado emocionalmente, chocado, chateado, preocupado, para não dizer revoltado: um filho meu ficou viúvo jovem e com 3 filhos menores! São coisas da vida, né! Acontece..... Aí o meu coração não resistiu.... Vou ver se coloco aqui alguma matéria sobre o infarto.... Isso mesmo T-Gata Lista Negra, tô fora: temos que denunciar sempre.... Abração do Jack Boy.....


      Sinto muito pelo que aconteceu. Espero que você se recupere logo. Um grande abraço, meu amigo.
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      • Postado originalmente por Snorlax Ver Post

        Sinto muito pelo que aconteceu. Espero que você se recupere logo. Um grande abraço, meu amigo.
        Nobre confrade Snorlax, bom dia! Obrigado pela mensagem! Com o tempo já estou surfando na nova realidade, uma vida nova, novos hábitos, pensamentos positivos, nova alimentação, caminhadas, hidroginástica, novas responsabilidades familiares (Estou me preparando pra isso! Não deixarei meu filho e netos na mão, sempre honrei meus pais já falecidos assim como é minha responsabilidade honrar meu filho viúvo e os netinhos! Tenho pra mim que isso é papel de homem!) e um maior controle sobre a pressão arterial (Pressão arterial alta é um perigo, sem falar no stress, o trabalho e o corre-corre diário!): creio que tudo fluirá de maneira mais saudável e satisfatória..... Abração.... Jack Boy.....

        Last edited by JACKBOY; 16-04-2019, 03:12.

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        • DIREITOS

          Os 10 melhores países para LGBTs; Confira quais são


          Por Ketryn Carvalho 25 de março de 2019



          Bandeira LGBT (Foto: divulgação)


          OPõe na roda catalogou uma lista contemplando os 10 melhores países para LGBTs. Evidentemente que, a lista usou como critério os direitos básicos que deveriam ser assegurados a todos os seres humanos, em todas as partes do mundo. Direitos como constituir família, respaldo da lei em caso de homofobia, tematizar políticas cujo intento seja minimizar a discriminação. Enfim, confira os países mais amistosos:


          Conteúdo recomendado:

          Guias LGBTs são lançados na Suécia para ensinar sexualidade às crianças


          Finlândia
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1972.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero nos documentos, porém de acordo com a lei que deve mudar em breve, devem passar por esterilização.

          Dinamarca
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1933.
          • Gays, lésbicas e bissexuais podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero nos documentos.

          Noruega
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1972.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia, inclusive específicas como para pessoas intersexo.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos desde que casados legalmente.
          • Trans podem mudar nome e gênero nos documentos.

          Islândia
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1940.
          • Não existem forças armadas para nenhum cidadão (hétero cis ou LGBT)
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero nos documentos.

          Países Baixos
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1971.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra discriminação por orientação sexual (não especifica quanto a trans).
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero após diagnóstico médico.

          Suíça
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1992.
          • Gays, lésbicas e bissexuais podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos podem ter filhos apenas se forem adotados.
          • Trans podem mudar nome e gênero.

          Suécia
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1972.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos casados podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero.

          Nova Zelândia
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1986.
          • Gays, lésbicas e bissexuais podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos casados podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero.

          Canadá
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 1969.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos casados podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero.

          Áustria
          • Homossexualidade é legalmente permitida desde 2002.
          • Todos LGBTs podem servir nas forças armadas.
          • Há leis contra LGBTfobia.
          • Casais homoafetivos podem se casar.
          • Casais homoafetivos casados podem ter filhos.
          • Trans podem mudar nome e gênero.

          https://observatoriog.bol.uol.com.br/noticias/2019/03/os-10-melhores-paises-para-lgbts-confira-quais-sao
          Last edited by JACKBOY; 16-04-2019, 03:46.

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            • SAÚDE E ESPERANÇA

              Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor

              A história do primeiro homem a vencer a Aids




              Imagem: Camila Rosa/VivaBem

              Simião Castro São Paulo 22/04/2019 08h27

              Quem passa por Timothy Ray Brown jamais imagina que ele é a primeira pessoa na história a ter sido curada da Aids. O americano de Seattle, Washington, passou por um tratamento complexo e quase mortal para se livrar do HIV. Registrado na literatura médica como "Paciente de Berlim", Brown decidiu abandonar o anonimato em 2010 e mostrar ele mesmo ao mundo a própria a cura.

              Brown esteve em São Paulo na semana retrasada para participar de uma convenção sobre HIV na USP. Na ocasião, ele conversou com a reportagem, contou sua trajetória e como lida com o fato de ser a primeira pessoa a ser curada da doença.

              Hoje não gosta de ser identificado como o "Paciente de Berlim". "Se os casos são realmente interessantes os cientistas têm de encontrar um modo de se referir àquela pessoa e identificar mais rápido de quem estão falando sem precisar expor o nome do paciente. Como o meu caso ocorreu em Berlim, me chamaram de o 'Paciente de Berlim', embora eu não seja de lá", diz. "Em 2010, decidi dizer ao mundo meu nome e mostrar meu rosto. Quando as pessoas ainda usam 'Paciente de Berlim' eu fico meio irritado. Basicamente, dei permissão para usarem meu nome e disse que estou ok com isso."

              Aos 53 anos, Brown aparenta mais idade do que tem, mas traz também no olhar o brilho de quem decidiu viver. Ele enfrentou primeiro a Aids em meados de 1990, época em que ser infectado pelo HIV era uma sentença de morte. Depois, em 2006, descobriu ter leucemia que, embora não relacionada com a Aids, foi a chave para eliminar o vírus da doença.

              Depois de tentar quimioterapia sem muito sucesso, Brown estava desenganado quando a equipe médica resolveu uma última tentativa, um transplante de medula. A sacada foi tentar combater não só a leucemia, mas também o HIV. O vírus precisa de uma proteína presente no sangue para se instalar e reproduzir. Ocorre que algumas pessoas não produzem essa proteína - uma mutação que os permite ser imunes ao vírus.


              Estratégia

              A estratégia inédita era tentar encontrar para Brown um doador de medula compatível e que tivesse aquela rara mutação genética. A ideia era destruir seu sistema imunológico e substituir a medula dele pela do doador, criando um novo mecanismo de defesa e exterminando não só a leucemia, mas também o HIV.

              Embora tivesse recebido dois diagnósticos de doenças potencialmente mortais anteriormente e mantido a calma, Timothy revela que só quando estava sozinho no quarto do hospital e com o próprio sistema imunológico destruído é que começou a "enlouquecer". O grau de vulnerabilidade que sentiu foi tamanho que o fez perder a praticidade com que lidava com a vida.

              A experiência deu certo para eliminar a Aids, mas a leucemia ainda não tinha sido derrotada. "Neste sentido, a Aids tinha sido 'fácil' curar... Não é realmente fácil curar, mas eles tinham feito isso, mas a leucemia foi bem mais difícil", lembra. Foi preciso fazer um novo transplante com o mesmo doador para combater o câncer.

              O caso pioneiro de sucesso foi publicado em 2009 no periódico New England Journal of Medicine. Em março deste ano foi anunciado que a eliminação da doença tinha sido obtida uma segunda vez, no "Paciente de Londres".

              Brown conta como se sente com o título de primeira pessoa curada da Aids. "Em algum momento eu já pensei? e eu estou compartilhando algo que nunca falei antes, exceto para meu namorado. Às vezes penso que se houver mais pacientes curados eu não serei mais tão importante. Mas quero que haja, sim, muito mais curas. Meus pensamentos negativos não estão em sincronia com o meu desejo mais profundo (de uma cura universal)." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


              https://vivabem.uol.com.br/noticias/...cer-a-aids.htm
              Last edited by JACKBOY; 23-04-2019, 05:11.

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              • DICA DO DIA


                T-Gata Lista Branca Drica Flores, Bairro São Paulo, Belo Horizonte, MG, contato (31) 99451-1217.... Veja o novo ensaio com imagens picantes, com exclusividade para o FT, é pra lá de.... Sensacional.... Mata o véio, mata..... Jack Boy....


                PS - Tópico/Página da T-Gata Lista Branca Drica Flores atualizada no Fórum Travesti, Belo Horizonte, MG:

                http://www.forumtravesti.com.ge6br/foru...ena-gata/pa



                LISTA BRANCA



                Last edited by JACKBOY; 23-04-2019, 06:29.

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                • CULTURA


                  IDEIASTRIBUNA


                  Ser ‘trans’ é cruzar uma fronteira política


                  O filósofo transgênero Paul B. Preciado relata sua experiência como viajante entre a feminilidade e a masculinidade e denuncia que estas transições ainda são consideradas heresias


                  PAUL B. PRECIADO 10 ABR 2019 - 18:39 BRT






                  Cartaz desenhado pela artista Peregrine Honig para banheiros mistos, nos EUA. JONATHAN DRAKE (REUTERS)




                  Eu me atrevo a dizer quais são os processos de cruzamento que melhor nos permitem compreender a transição política global que estamos enfrentando. A mudança de sexoe a migração são as duas práticas de travessia que, ao porem em xeque a arquitetura política e legal do colonialismo patriarcal, da diferença sexuale do Estado-nação, situam um corpo humano vivo nos limites da cidadania e até do que entendemos por humanidade. O que caracteriza as duas viagens, para além do deslocamento geográfico, linguístico ou corporal, é a transformação radical não só do viajante, mas também da comunidade humana que o acolhe ou rejeita. O antigo regime (político, sexual, ecológico) criminaliza todas a práticas de travessia. Mas onde a travessia é possível, o mapa de uma nova sociedade começa a ser desenhado, com novas formas de produção e de reprodução da vida.


                  No meu caso, o cruzamento começou em 2004, quando comecei a me administrar pequenas doses de testosterona. Durante alguns anos, transitando por um espaço de reconhecimento de gênero que oscilava entre o feminino e o masculino, entre a masculinidade lésbica e a feminilidade King [ou feminilidade masculina], experimentei a posição que agora é chamada de gênero fluido. A fluidez das encarnações sucessivas se chocava com a resistência social para aceitar a existência de um corpo fora do binário sexual. Essa "fluidez" foi possível durante os anos em que me administrei uma dose de testosteronaque chamamos de "limiar", porque desencadeia a proliferação no corpo dos chamados "caracteres secundários" do sexo masculino.


                  Paradoxalmente, renunciei à fluidez porque desejava a mudança. A decisão de "mudar de sexo" é necessariamente acompanhada disso que Édouard Glissant chama de "um tremor". A travessia é o lugar da incerteza, da não-evidência, do estranho. E tudo isso não é uma fraqueza, mas um poder. "O pensamento do tremor", diz Glissant, "não é o pensamento do medo. É o pensamento que se opõe ao sistema ". Em setembro de 2014, iniciei um protocolo médico-psiquiátrico de redesignação de gênero na Audre Lorde Clinic, emNova York.



                  A mudança de sexo e a migração são as duas práticas de cruzamento que situam o corpo nos limites da cidadania



                  “Mudar de sexo” não é, como quer a guarda do antigo regime sexual, dar um salto para a psicose. Mas também não é, como pretende a nova gestão neoliberal da diferença sexual, um mero trâmite médico-legal que pode ser completado durante a puberdade para dar lugar a uma normalidade absoluta. Um processo de redesignação de gênero em uma sociedade dominada pelo axioma científico-mercantil do binarismo sexual, onde os espaços sociais, trabalhistas, afetivos, econômicos e gestacionais estão segmentados em termos de masculinidade ou feminilidade, de heterossexualidade ou homossexualidade, é cruzar aquela que talvez seja, juntamente com a raça, a mais violenta das fronteiras políticas inventadas pela humanidade. Cruzá-la é ao mesmo tempo saltar uma parede vertical interminável e caminhar sobre uma linha desenhada no ar. Se o regime heteropatriarcal da diferença sexual é a religião científica do Ocidente, então mudar de sexo só pode ser um ato de heresia.


                  À medida que aumentava a dose de testosterona, as mudanças se intensificavam: o pelo facial é um mero detalhe em comparação com a força com que a voz precipita uma mudança de reconhecimento social. A testosterona provoca uma variação da grossura das cordas vocais, um músculo que, ao ter sua forma modificada, varia o tom e o registro da voz. A mudança de voz é experimentada pelo viajante de gênero como uma posse, um ato de ventriloquia que o força a se identificar com o desconhecido. Sem dúvida, essa mutação é uma das coisas mais bonitas que já vivi. Ser trans é desejar um processo de crioulização interior: aceitar que só somos nós mesmos graças à — e através da — mudança, da mestiçagem, da mistura. A voz que a testosterona impulsiona em minha garganta não é uma voz de homem, é a voz do cruzamento. A voz que treme em mim é a voz da fronteira. Como diz Glissant, “entendemos melhor o mundo quando trememos com ele, porque o mundo está tremendo em todas direções”.









                  A ciência, a tecnologia e o mercado estão redesenhando os limites do que é e será um corpo humano vivo. Esses limites são definidos hoje não só em relação à animalidade e às formas de vida consideradas até agora subumanas (os corpos não brancos, proletários, não masculinos, trans, com deficiência, doentes, migrantes…), mas também frente à máquina, frente à inteligência artificial, frente à automatização dos processos produtivos e reprodutivos. Se a primeira Revolução Industrial foi caracterizada pela invenção da máquina a vapor, pela aceleração das formas de produção, a revolução industrial atual, marcada pela engenharia genética, pela nanotecnologia, pelas tecnologias de comunicação, pela farmacologia e pela inteligência artificial, afeta em cheio os processos de reprodução da vida. O corpo e a sexualidade ocupam na atual mutação industrial o lugar que a fábrica ocupou no século XIX. Há, ao mesmo tempo, uma revolução dos subalternos e apátridas em andamento e uma frente contrarrevolucionária lutando pelo controle dos processos de reprodução da vida. Em cada canto do mundo, de Atenas a Kassel, de Rojava a Chiapas, de São Paulo a Johannesburgo, é possível sentir não só o esgotamento das formas tradicionais de fazer política, mas também o surgimento de centenas de milhares de práticas de experimentação social, sexual, política, artística... Fazendo frente ao aumento das forças edípicas e fascistas surgem, por toda parte, as micropolíticas do cruzamento.


                  Paul B. Preciado é um filósofo transgênero feminista, autor, entre outras obras, de ‘Manifesto Contrassexual’ (N-1 Edições). Este texto é um fragmento de seu novo livro ‘Un Apartamento en Urano’, lançado nesta quarta-feira na Espanha pela editora Anagrama.




                  https://brasil.elpais.com/brasil/201...43_132497.html
                  Last edited by JACKBOY; 25-04-2019, 02:54.

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                  • MULHERES INSPIRADORAS


                    O estigma e a aceitação: a vida e as relações de mulheres com HIV positivo


                    Breno Damascena Colaboração para Universa 25/04/2019 04h00 Erramos: este conteúdo foi alterado


                    Imagem: Getty Images


                    O medo do preconceito ainda ronda a vida de Renata*, mas a mulher de 46 anos não vê motivos para isso. Gosta de ler, assistir a filmes, ir a bares, fazer churrasco com os amigos e ama viajar. Uma vida tradicionalmente pacata. Porém, teve um momento em que ela pensou que perderia tudo isso. Com aproximadamente 20 anos de idade, recebeu a notícia de que era HIV positivo.

                    "Foram os piores dias da minha vida". Renata abandonou o trabalho e a faculdade. Chegou a tentar o suicídio. Ela foi orientada pela equipe médica a contar sobre a situação para o namorado. "Ele fez o teste e deu negativo. Logo em seguida, começou a me evitar e acabamos rompendo o namoro de três anos. Foi difícil."

                    O sofrimento só começou a diminuir quando conheceu, por intermédio do RNP (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids), um grupo de mulheres que vivia com as mesmas dificuldades. Foi quando percebeu que era possível ter uma vida normal. Começou a fazer terapia, se formou e fez pós-graduação. Passou a seguir as orientações médicas e, com o uso correto dos medicamentos, a carga viral em seu sangue se tornou indetectável, ou seja, não transmite mais o vírus em relações sexuais.

                    Solteira há três anos, Renata optou por não contar sobre sua condição para outras pessoas. Na família, quase ninguém sabe. "Arrumava um emprego e era demitida. Conseguia um namorado e não durava. De qualquer forma, nunca tenho relação sexual sem camisinha. Existem muitos outros riscos", justifica.




                    Vanessa Campos Imagem: Arquivo pessoal


                    Diferentemente dela, Vanessa Campos, representante estadual da RNP no Amazonas e membro do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), prefere abordar o tópico já no primeiro encontro com as pessoas.

                    "Para mim, é assunto de mesa de bar. Quem quiser ficar comigo que fique sabendo disso", comenta a mulher, que vive com o HIV desde 1990. Lembra que, quando recebeu o diagnóstico, aos 19, ainda não havia um tratamento. "Tudo o que eu poderia fazer era continuar me cuidando com carinho". Com o surgimento do medicamento antirretroviral, suas perspectivas mudaram.

                    Hoje, Vanessa é mãe de três filhos, frutos de relacionamentos sorodiferentes (quando um tem HIV e o outro, não), e sua carga viral também está indetectável. Apesar disso, o estigma em torno da doença ainda se mantém presente. "Não é fácil. Desde 2004, quando me divorciei, não tive mais nenhum relacionamento longo. É muito complicado conseguir um namorado. E a sorologia atrapalhou bastante", relata.

                    A psicóloga Rafaela Queiroz conta que, por sempre postar sobre sua vivência nas redes sociais, também é normal que todas as pessoas com que se relacionam já saibam da sua condição. Mas entende que é natural quando preferem omitir. "O processo de contar é muito individual. Vivi com HIV a vida inteira e antes só contei para quem eu confiava, mas tinha medo de que mudassem comigo. Abrir minha sorologia foi um processo de aceitação, fortalecimento e autocuidado. Ainda não é fácil ver situações de discriminação", esclarece.

                    Aos sete anos, Rafaela perguntou para as médicas porque precisava tomar remédio, sendo que se sentia bem. "Disseram-me que tinha um bichinho no meu sangue que eu precisava combater ajudando os soldadinhos a terem força". Viria a vivenciar o estigma de verdade apenas na escola. O livro de biologia trazia a foto de uma criança muito magra de algum país africano ilustrando a Aids. Naquele momento, escutou frases que a deixaram triste e confusa.



                    Número de infectados aumentou entre jovens


                    A notificação de casos de HIV entre 2007 e 2017 aumentou aproximadamente 700% entre pessoas com 15 e 24 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Especialistas apontam que o moralismo ajuda a impulsionar esses números. "Estamos em uma era em que as relações estão mais fáceis, mas continuamos presos à ideia de que pessoas com HIV estão deitadas para morrer e pensam que isso nunca vai acontecer com elas. A infecção acontece porque quem tem nem sabe", analisa Rafaela.



                    Rafaela Queiroz Imagem: Arquivo pessoal


                    Rafaela, que já atuou no Programa Saúde na Escola (PSE), conta que, durante oficinas e dinâmicas para conversar sobre educação sexual, os jovens diziam saber usar preservativo, mas, na prática faziam errado. "Alguns até tinham a ideia de que usar duas daria mais proteção", aponta. "Cadê a informação que dizem tanto que esses jovens já possuem? Culpá-los é sempre a parte mais fácil", critica.

                    Vanessa finaliza afirmando que o apoio familiar e financeiro foram fundamentais para a sua saúde mental e física. "O preconceito e a discriminação continuam os mesmos, apesar da evolução no tratamento, mas o HIV não me define, o que me define é a forma como eu lido com ele. Aprendi que isso não me fazia pior do que ninguém, então me livrei do autoestigma e consegui me amar de verdade".


                    Errata: o texto foi atualizado. Diferentemente do informado nesta reportagem, Renata (nome fictício) descobriu que estava infectada pelo HIV há cerca de 20 anos. O texto foi corrigido.




                    https://universa.uol.com.br/noticias...v-positivo.htm
                    Last edited by JACKBOY; 25-04-2019, 20:53.

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                    • Transexual presa por extorquir clientes


                      Veja/Leia mais na seção de notícias do Fórum Travesti:


                      http://www.forumtravesti.com.br/foru...rquir-clientes


                      Ontem, 21:28

                      https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jun...delegado.ghtml


                      Postado pelo nobre confrade Bundudo 76.... Jack Boy.....


                      Jack Boy

                      Hoje, 00:29

                      Nobre confrade Bundudo 76, boa noite! Nota 10 pela divulgação da notícia..... Cadeia para as T-Gatas Listas Negras..... Abração..... Jack Boy....

                      Tá brabo mesmo: difícil! Por isso temos que consultar o Fórum Travesti antes de fazer qualquer programa com T-Gatas! Postar as notícias e denunciar as pilantras! Nessa crise: tá osso.... E acontece de Norte a Sul, Leste e Oeste do Brasil.... Sem falar no que não é noticiado e divulgado.... Seja em cidades grandes, médias ou pequenas.... Pode apostar que nesse exato momento tem alguém sendo extorquido por T-Gatas.... Vocês já sacaram que a extorsão acontece bem menos com as prostitutas.... De certa feita, parece que é um caso raro: fiquei sabendo que uma prostituta teria tentado extorquir um médico numa cidade pequena (De uns 30 mil habitantes!) de Minas Gerais, e não deu outra..... O delegado local levou ela em cana e mandou ela vazar da cidade..... Depois, o delegado visitou a parte boêmia da pequena cidade e deu o recado para as profissionais do sexo: o que se passasse ali ficasse ali.... E parece que é esse o expediente adotado em muitas cidades pelo Brasil.... É aquele negócio: o comportamento de T-Gata é bem diferente de prostituta.... E cadeia para as T-Gatas Listas Negras.... Já escutei muitos delegados falarem que mexer com T-Gata é bem pior que mexer com prostituta..... No final das contas, a gente tem também que pedir uma certa proteção espiritual: tô chegando a essa triste constatação, pois isso pode acontecer com qualquer amante de T-Gata pelo Brasil afora..... Jack Boy.....

                      PS - Abaixo, temos a manchete/chamada, imagens e trechos da notícia..... Mesmo assim, vale ler a notícia completa no link postado pelo nobre confrade Bundudo 76.....

                      Mulher transexual presa por extorquir clientes é encaminhada para presídio feminino, diz delegado

                      Gênero com o qual a suspeita se identifica foi respeitado após a prisão em Sorocaba (SP). Comparsa da detida, que também é uma mulher transexual, continua foragida da polícia.

                      Por Natália de Oliveira, G1 Sorocaba e Jundiaí

                      30/04/2019 07h11 Atualizado há 5 horas



                      Transexual presa por extorquir clientes é encaminhada para presídio feminino, diz delegado — Foto: Reprodução/Facebook


                      "Júlia Emanuelly Fagundes Santos, de 19 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e, com isso, foi encaminhada à Penitenciária Feminina de Votorantim (SP). A comparsa da suspeita, a também mulher transexual Nicolly Fagundes Vieira, de 24 anos, continua foragida da polícia.".....

                      "Júlia e Nicolly são suspeitas de extorquir clientes após a realização de programas sexuais. Ainda segundo Leite, as duas atraíam as vítimas usando anúncios na internet e os programas eram todos realizados na casa delas, no Parque São Bento II, na zona norte da cidade."....



                      Nicolly Fagundes Vieira continua foragida em Sorocaba — Foto: Polícia Civil/Divulgação


                      "Enquanto uma delas fazia o programa com o cliente, a outra tirava foto do carro e pesquisava sobre a vida dele na internet. Se ele deixava a carteira à mostra, por exemplo, elas tiravam fotos dos documentos. Na hora que o cliente ia pagar pelo programa, que girava em torno de R$ 200, elas ameaçavam contar para a família da vítima sobre o programa e assim extorquiam mais dinheiro"....



                      Mulher transexual foi presa suspeita de extorquir clientes após programas sexuais em Sorocaba — Foto: Polícia Civil/Divulgação

                      Last edited by JACKBOY; Hoje, 00:55.
                      Last edited by JACKBOY; 01-05-2019, 01:54.

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                      • VÍDEO ”MEU PRIMEIRO SUTIÔ DA ANTRA VAI A CANNES



                        Cultura, Eventos




                        Baseado no clássico comercial dos anos 80, o filme chama atenção para o acolhimento a pessoas trans no seio familiar, um dos primeiros espaços de transfobia enfrentado

                        A Madre Mia Filmes produziu um filme para a ANTRA, Inspirado na clássica propaganda “Meu Primeiro Sutiã”, de 1987, de Washington Olivetto, cuja protagonista é uma mulher trans. O filme, baseado em uma história real, conta o caso de uma criança trans, que aos 10 anos conseguiu mudar o seu registro e ser legalmente chamada de Ludmila Galvan. Aos 12, ganhou seu primeiro sutiã.

                        A mãe Daniela Galvan aparece ao fim dando um depoimento: “Sempre foi uma menina por dentro. Uma menina, mas por fora um menino. Mas ela é uma mulher (…). Seja o que quiserem ser e sejam livres. Não se escondam. Se gosta de ser algo, seja”, declara.

                        Fizemos a inscrição do filme em diversas categorias do Festival de Cannes. Porque objetivo com esse trabalho é abrir os olhos daqueles que não conseguem enxergar os desafios, preconceito, sofrimento, superação que são cotidianos na vida das pessoas trans e o Festival dá uma projeção mundial, temos a chance de amplificar numa escala planetária a importância que a causa merece.

                        A expectativa é muito grande. O filme, pela causa que aborda, tem muita chance de ser premiado e foi elaborado conduzido com sensibilidade, para emocionar, para promover um espaço de entendimento e debate sobre as diferenças que são inerentes ao ser humano.

                        A IDEIA

                        O filme foi feito para a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e dirigido poe Rafael Damy. ”Nós fomos procurados pela ANTRA para utilizar a publicidade de uma forma que trouxesse a empatia do público para a causa porque existe uma onda de violência muito grande contra pessoas transexuais. Então, tivemos um insight, nada melhor do que nos inspirarmos em um case publicitário conhecido mundialmente como é o caso de “O primeiro sutiã a gente nunca esquece”, porque é filme premiado internacionalmente, muito renomado no Brasil e simplesmente substituirmos a protagonista. Conversamos com o Washington Oliveto em Londres, contamos nossa ideia de fazer uma homenagem ao filme original dele, que inclusive, ganhou Prêmio de Melhor Film em Cannes, substituindo a protagonista por uma adolescente trans. Ele adorou a ideia e sugeriu procurarmos atores argentinos pela força de atuação que tem. Fomos além, encontramos na pesquisa o caso real da Ludmila, uma adolescente trans que é a nossa protagonista. O pai dela no filme é um ator. A receptividade do filme tem sido muito grande, publicações saíram em importantes sites de publicidade nacionais e internacionais, assim como de assuntos gerais da sociedade. Estamos muito felizes porque nossa mensagem de combate ao preconceito está chegando em milhares de pessoas no Brasil e exterior. Com o filme espero contribuir um pouco para acabar com o preconceito e esse já terá sido seu maior legado.”

                        Já assistiu?

                        Acesse:Meu Primeiro Sutiã – ANTRA

                        Last edited by JACKBOY; 02-05-2019, 21:38.

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                        • Conheço o ex-jogador de futebol Toninho Cerezo e família há tempos! E também conheço a sua filha! Não fui seu psicanalista/terapeuta (Minha base é Freud/Lacan!), mas observo a tristeza em seus olhos após a cirurgia..... Jack Boy, BH, MG....

                          PS - A decisão é pessoal/privada/particular! Tem uma acusação política na matéria sobre a atuação do SUS (Parece que a cirurgia é feita pelo SUS desde 2008, após entrevistas, terapias, acompanhamento psiquiátrico/psicológico, etc.! Idade mínima parece que ainda é 21 anos! Tem todo um aparato de requisitos e questões/reflexões corporais/anatômicas, legais, etc.) referente ao assunto! Que eu saiba a cirurgia não tem o caráter experimental como a matéria observa, do contrário nem aqui no Brasil, EUA, Tailândia, etc. ela seria feita e permitida! E vale lembrar também que a maioria dos países do mundo Ocidental e Oriental seguem normas ditadas pela OMS - Organização Mundial de Saúde -; ou seja: que eu saiba no Brasil a cirurgia "para a mudança de sexo" segue o protocolo da OMS e não é algo experimental como afirma a matéria (Do ano 2013!) abaixo! Mesmo assim leiam/vejam/reflitam:

                          http://blogs.opovo.com.br/ancoradour...ssexual-lea-t/
                          Last edited by JACKBOY; 03-05-2019, 01:42.

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                          • DIVERSIDADE E INCLUSÃO

                            SOU TRANS E ARRASO

                            Sucesso na carreira, na família, na política: elas são minoria, mas apontam um novo cenário para transgêneros

                            CAMILA BRANDALISE DA UNIVERSA, EM SÃO PAULO 03/05/2019



                            Pesquisadora Ariadne Ribeiro foi prostituta e, hoje, tem projeto reconhecido pela ONU

                            O Brasil tem o terrível título de país com maior número de assassinatos de transexuais no mundo. A maioria, 94%, é mulher. Não dá para fingir que as dificuldades que a maior parte das trans enfrentam não existem. Mas precisamos, também, olhar para as que conseguiram seguir caminhos diferentes ao das estatísticas.



                            Jacqueline Rocha Côrtes virou mãe após a transição e ama sua família harmoniosa

                            Nesta reportagem, Universa fala de vitórias. Aqui, contaremos a história de Ariadne Ribeiro, ex-prostituta e hoje doutoranda em um grande centro de pesquisa brasileiro; de Jacqueline Rocha Côrtes, mãe de duas crianças, casada e professora e de Erika Hilton, eleita deputada estadual por São Paulo.



                            Deputada estadual, Erika Hilton projeta seu futuro no legislativo em defesa de LGBTs

                            Elas estão nos lugares que, um dia, disseram que não serviam para elas. Servem. Trajetórias como as dessas mulheres estão ficando mais comuns e trazem um recado: elas serão muitas mais......

                            ENTREVISTA

                            "85% das atendidas eram prostitutas. Esse número se inverteu" Especialista em transição de gênero avalia quadro das últimas décadas em São Paulo.

                            O psiquiatra Alexandre Saadeh está à frente do primeiro centro de atendimento para pessoas trans no país, o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas, em São Paulo, criado em 1997. Nesta entrevista, Saadeh fala sobre mudanças de perfil da população trans da década de 1990 para cá, em relação a trabalho, escolaridade e relações familiares. Mas, ressalta, que essas mudanças têm acontecido em grandes centros urbanos, como a capital paulista.


                            A escolaridade aumentou?

                            Sim. Há muitos trans completando o ensino universitário, fazendo pós-graduação. Hoje, é uma realidade que nos anos 1990 nem se pensava......


                            https://universa.uol.com.br/reportag...htm#tematico-1
                            Last edited by JACKBOY; 07-05-2019, 04:14.

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                            • https://unaids.org.br/wp-content/upl...acao-LGBTI.pdf
                              Last edited by JACKBOY; 07-05-2019, 18:25.

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                              • FASCISMO

                                O que é o fascismo? Perguntamos a pensadores da Itália, berço do movimento


                                Lucas Ferraz De Roma para a BBC News Brasil 4 outubro 2018




                                Hitler e Mussolini fazendo saudação nazi-fascista, em foto de 1938; para pesquisador do fascismo, o maior perigo atual é 'a democracia que se suicida' - Getty Images

                                Não é só no Brasil destes dias que o termo "fascismo" voltou a permear o debate político. Em países europeus como Hungria, Polônia, Áustria e Itália, berço do fenômeno, a ascensão de políticos populistas de extrema direita - com pendores nacionalistas e xenófobos - tem suscitado calorosas discussões sobre a conveniência ou não de se usar a palavra.

                                O historiador Emilio Gentile é considerado na Itália o maior especialista vivo sobre o assunto. Autor de inúmeros livros sobre o período fascista, muitos deles adotados nas escolas italianas, ele afirma que utilizar o termo, como se tornou comum recentemente, é uma forma de confundir as ideias e não observar um fenômeno que, na verdade, tem a ver com a crise da democracia.
                                "A democracia não está em risco por causa de um fascismo que não existe. Hoje, o perigo é a democracia que se suicida", disse à BBC News Brasil. "O que há de novo, em todo o mundo, é um novo poder de direita nacionalista e xenófobo. É o que Orbán (Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, um dos expoentes desse movimento na Europa) classificou de política nacionalista democrática iliberal."

                                De acordo com Gentile, há muitos movimentos políticos - na Europa e em outros lugares do mundo - que se referem à experiência fascista e utilizam seus símbolos, mas de uma maneira muito "idealizada e imaginária".

                                O fascismo foi criado por Benito Mussolini - um ex-socialista - há quase cem anos. Originário da palavra latina "fascio littorio", um conjunto de galhos amarrados a um machado, símbolo do poder de punição dos magistrados na Roma Antiga, o experimento nasceu oficialmente em 23 de março de 1919, quando Mussolini fundou em Milão o grupo "Fasci di Combattimento", que reunia ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

                                Com a Itália imersa no caos - à beira de uma guerra civil, com crise política, econômica e social, num momento em que o poder fugiu do controle do Estado -, e à sombra da revolução russa de 1917 (temia-se que o comunismo chegasse também no país), o grupo fundado por Mussolini cresceu rapidamente.




                                Para Domenico de Masi, Bolsonaro é político de inspiração fascista - Divulgação

                                Ainda em 1919, ocorreram ataques de brigadas fascistas - que depois se tornariam efetivamente milícias paramilitares - contra políticos de esquerda, judeus, homossexuais e órgãos da imprensa. Eles ficariam conhecidos como os "camisas negras".

                                No final de 1921, nasceu o Partido Nacional Fascista (PNF), cujo símbolo era exatamente o "fascio littorio". Menos de um ano depois, Mussolini assume o poder. Ele fortaleceu sua influência na Itália angariando o apoio de industriais, empresários e do Vaticano, e tornou-se referência para regimes autoritários mundo afora - Francisco Franco na Espanha, António Salazar em Portugal e, sobretudo, Adolf Hitler na Alemanha (que por muito tempo manteve um busto do Duce italiano em seu escritório) tiveram em Mussolini e no seu regime uma grande fonte de inspiração.

                                Regime totalitário baseado num partido único, a característica fundamental do fascismo foi a militarização da política, que era tratada como uma experiência de guerra: além do projeto de expansão imperial, com a supremacia fascista imposta no Estado e na sociedade, o regime tratava os adversários como inimigos que deveriam ser eliminados. No mês passado, a Itália lembrou os 80 anos da chamada lei racial, aprovada contra os judeus e que estava em consonância ao regime nazista de Hitler.

                                "O fascismo sempre negou a soberania popular, enquanto o nacionalismo populista de hoje reivindica o sucesso eleitoral. Esse políticos de agora se dizem representantes do povo, pois foram eleitos pela maioria. Isso o fascismo nunca fez", comenta Emilio Gentile.


                                Raízes fascistas

                                Para o sociólogo italiano Domenico de Masi, que conhece o Brasil há muitos anos, se não é possível falar num fascismo histórico como o implementado na Itália no século passado, não há dúvidas, por outro lado, de que Jair Bolsonaro (PSL) é um político de inspiração fascista - o candidato à Presidência disse recentemente num comício no Acre em "metralhar a petralhada". A eliminação física de adversários era exatamente uma das características do regime de Mussolini.




                                'O fascismo sempre negou a soberania popular, enquanto o nacionalismo populista de hoje reivindica o sucesso eleitoral', diz Emilio Gentile - Divulgação

                                "Ele tem inspiração fascista no que diz respeito à relação do Estado com a economia, entre o poder civil e militar, política e religião. E com base num conceito de autoritarismo, acha que pode resolver problemas complexos com receitas fáceis", diz De Masi.

                                O sociólogo vê com inquietação a ascensão de governos e políticos com raízes "claramente fascistas". "Bolsonaro é como Salvini (Matteo Salvini, político de direita e vice-premiê italiano hoje). Os dois têm uma visão autoritária da sociedade. Brasil e Itália são sociedades muito dis tin tas, mas vejo os dois muito parecidos", completou.

                                Salvini, aliado de Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump que já se reuniu com um dos filhos de Bolsonaro, declarou recentemente no Twitter torcer pela eleição do ex-capitão no Brasil.

                                Domenico de Masi ressalta que, enquanto na Europa o que alimenta esse tipo de discurso é a imigração (e que tem, na Itália, o apoio das classes média e média-baixa), no Brasil o fenômeno é estimulado pelo ódio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores. "No caso brasileiro, o cidadão pobre do Nordeste é mais inteligente quanto ao perigo de Bolsonaro do que os ricos de São Paulo, que apoiam o candidato".

                                Como o colega Emilio Gentile, o historiador Eugenio di Rienzo, professor de História Contemporânea da Universidade Sapienza, em Roma, afirma que o fascismo é um regime que nasceu e morreu no século passado - em 1945, quando Mussolini foi assassinado em Milão.

                                "Não se pode fazer uma analogia entre aquele fenômeno e outro. O fascismo não se reproduz mais, é preciso cuidado com o uso da palavra, pois acaba provocando desinformação", disse. "Um racista não é sempre um fascista. O governo de (Recep Tayyip) Erdogan na Turquia é autoritário, mas não fascista."




                                'O governo de (Recep Tayyip) Erdogan na Turquia é autoritário, mas não fascista', opina historiador italiano - AFP Image

                                Di Rienzo reconhece que há muitos nostálgicos do fascismo na Itália, assim como do nazismo na Alemanha, mas para ele o processo atual (na Europa e nos Estados Unidos de Trump) não é uma "repetição do passado": "Há algumas semelhanças, mas os processos são muito diferentes. A analogia, muitas vezes, tem o propósito de propaganda".

                                Emilio Gentile concorda. "Na verdade, faz-se propaganda de um fascismo que parece eterno, mas ao menos na Europa é um fenômeno novo que se relaciona à crise da democracia, ao medo da globalização e dos movimentos imigratórios que poderiam sufocar a coletividade nacional. Mexe com a imaginação das pessoas, mas não se trata de um perigo real."

                                Gentile lembra que o sucesso de Bolsonaro no Brasil tem a ver com uma tradição latino-americana da participação dos militares na política, vistos como atores da "ordem e da competência", o que não acontece nos países europeus.

                                Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, país onde chegou nos anos 1940 após sua família fugir do nazi-fascismo na Europa, publicou recentemente o livro Fascismo: Um Alerta, em que discute o tema e as formas atuais de transmutação do que ela chama de "vírus do autoritarismo". "Definir fascismo é difícil. Primeiro, não acho que fascismo seja uma ideologia. É um método, um sistema", disse Albright recentemente numa entrevista.

                                O certo é que o debate sobre o que é fascismo e em quais situações se deve utilizar o conceito é tão antigo quanto o próprio regime.

                                Numa coluna para o jornal inglês Tribune, em março de 1944, o escritor e jornalista George Orwell escreveu - o artigo intitulava-se "O que é fascismo?" - que todo aquele que usa indiscriminadamente a palavra fascismo está agregando a ela um significado emocional. "Por fascismo, eles estão se referindo, de maneira grosseira, a algo cruel, inescrupuloso, arrogante, obscurantista."

                                Autor de livros clássicos sobre o totalitarismo (como 1984 e A Revolução dos Bichos), Orwell recomendava: "Tudo que se pode fazer no momento é usar a palavra com certa medida de circunspeção e não, como usualmente se faz, degradá-la ao nível de um palavrão".


                                https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45750065
                                Last edited by JACKBOY; 09-05-2019, 02:45.

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