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    Over 30: projeto celebra a resistência e o sucesso de pessoas trans e travestis

    30 homens e mulheres trans, travestis e não binárias de destaque em suas áreas

    Por Sanara Santos

    Da Billboard Brasil, em São Paulo

    10/01/2024 09h59

    Atualizada dia 12/01/2024 às 10h36

    Quantas pessoas trans acima dos 30 anos você conhece? Talvez essa pergunta, por si só, não soe importante para alguns. Talvez, se você pensar mais sobre ela, entenda o quão essencial é. O Brasil é pelo 14º ano consecutivo o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo, de acordo com o relatório divulgado em janeiro do ano passado pela Antra Brasil (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

    Na maioria dos casos, as mortes têm requintes de crueldade, vitimando jovens de 18 a 29 anos. Estabelecendo, assim, um limite para essas pessoas viverem. Passar dos 30 anos, pelo menos para as pessoas trans, ainda é um desafio. É contra essa expectativa que a Billboard Brasil quer falar.

    E, em parceria com a agência Lew’Lara\TBWA lança a lista Over 30, que celebra a vida, a resistência, o ativismo e a excelência de 30 pessoas trans, travestis e não binárias que chegaram e passaram dos 30 anos na quarta edição da revista.

    Além das três cantoras que estampam a capa – Mel, Pepita e Raquel –, a lista tem mais 27 pessoas que se destacam em áreas de atuação diversas e que representam tantas outras pelo Brasil. Janeiro é o mês da visibilidade trans, período em que todos os anos a comunidade LGBTQIA+ promove ações pela representatividade, pela garantia de espaço e, claro, contra a violência.

    Aretha Sadick

    Ela é múltipla e usa o teatro, o cinema, a televisão, a fotografia, a música e a moda como formas de expressão. Aretha Sadick –que tem esse nome por causa da diva Aretha Franklin–, 34 anos, nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e participou de residências artísticas em Londres. Começou nas passarelas, fazendo moda e modelando, e em 2011 estreou como drag queen no concurso Miss Gay.

    Com sua série fotográfica “Pedra Cantada”, participou das feiras SP-Arte e Art-Rio. Aretha ganhou popularidade ao interpretar Jorge Lafond (1952-2003), conhecido por seu personagem Vera Verão no programa de humor “A Praça É Nossa”, do SBT. Ela estrelou o musical “Jorge pra Sempre Verão”, escrito por Aline Mohamad e dirigido por Rodrigo França. Também interpretou o personagem-título da montagem do espetáculo “Macunaíma Ópera Tupi”, de Iara Rennó, em 2019. No ano seguinte, apareceu nas séries “Reencarne”, com direção de Bruno Safadi, para a Globoplay, e “Cidade de Deus”, dirigida por Aly Muritiba, para a HBO Max. Com seu trabalho, busca discutir questões de gênero, raça e sexualidade. (Mariane Morisawa).

    Bruna Benevides

    É a primeira mulher trans da Marinha do Brasil, com 21 anos de serviço ativo. A segunda-sargenta foi a primeira transexual a receber o prêmio Mulher Cidadã pela CDDM (Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher), da Alerj, por sua atuação pelos direitos humanos. Aos 44 anos, Bruna é a responsável por um dos documentos mais importantes do Brasil acerca da violência contra pessoas trans e travestis: o dossiê “Assassinatos e Violências”, publicado anualmente pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais)

    Ela é Secretária de Articulação Política da instituição. Nasceu em Fortaleza e se mudou para Niterói aos 17 anos, para ingressar na carreira militar. Teve forte participação na construção de políticas públicas e no trabalho de base em prol da comunidade: ajudou a fundar o Fórum Estadual de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro, coordena um cursinho popular para pessoas trans em Niterói e participa do Conselho Municipal dos Direitos da População LGBTQIA+ da cidade. (Martina Colafemina)

    Dan Kaio Lemos

    Dan é antropólogo e tem um extenso currículo acadêmico. Nasceu em Fortaleza e, antes de trilhar seu caminho na pesquisa, chegou a abandonar a escola, aos 14 anos. O motivo é, infelizmente, óbvio: com frequência, era vítima de preconceito e bullying por se comportar fora do padrão que as pessoas esperavam. Mais tarde, foi incentivado a voltar aos estudos. Terminou o ensino médio, fez a primeira graduação e se desenvolveu como pesquisador.

    É doutorando pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e atua como pesquisador no Ministério dos Direitos Humanos. Foi presidente da Atrans-CE (Associação Transmasculina do Ceará) e coordenador do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades). Candomblecista, escreveu “No Candomblé, Quem É Homem e Quem Não É?” (Metanoia), lançado no Museu da República. Escreveu e coordenou o primeiro relatório sobre a população transmasculina no Brasil, “A dor e a delícia das transmasculinidades no Brasil: das invisibilidades às demandas”. Tem 44 anos. (M.C.)

    Duda Salabert

    Aos 42 anos, faz história na política, tanto mineira como nacional. Em 2018, ela se tornou a primeira pessoa transexual a se candidatar ao cargo de senadora. Nas eleições seguintes, em 2020, foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte, superando 41 outros candidatos e tendo 11,9% do total de votos. Em 2022, Duda foi eleita a deputada federal mais votada pelo Estado de Minas Gerais, conquistando 208 mil votos.

    Duda atuava como professora de literatura e teoria literária. A ativista é fundadora da ONG Transvest, que oferece cursos preparatórios para o Enem, aulas de idiomas, EJA (Educação de Jovens e Adultos), teatro e defesa pessoal para transgêneros, transexuais e travestis de Belo Horizonte. Infelizmente, a ONG encerrou as atividades em 2022.

    A parlamentar tem trazido para a sua atuação política pautas sobre o meio ambiente e a reforma no sistema prisional brasileiro. Em 2023, a revista “Time” reconheceu Duda Salabert como uma das cem personalidades capazes de transformar a próxima geração de líderes. (Maira Reis)

    Fernando Lins

    Fernando, ou Fefa, Lins, de 32 anos, é um artista visual natural do Recife. Sua arte tem a pintura como ponto de partida para retratar e investigar corpos e sexualidade fora da heteronormatividade. Sua primeira exposição individual, “Tecnologias de Gênero”, aconteceu na Galeria Amparo 60, no Recife, em 2021. Afeto, desejo e sexualidade também permeiam as investigações artísticas de Fefa.

    Desde 2016, o artista participa de exposições dentro e fora dos circuitos principais da arte. Passou a fazer parte do casting da galeria Amparo 60, do Recife, em 2019. Teve seu trabalho apresentado em exposições coletivas e feiras como a SP Arte no mesmo ano. Em 2021, passou a ser representado também pela Verve Galeria, de São Paulo. Suas obras estampam coleções públicas de relevância, como o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Diversidade Sexual. Foi um dos indicados ao Prêmio Pipa em 2022, uma das principais premiações de arte contemporânea do Brasil. (M.C.)

    Gabriel Romão

    Gabriel nasceu no Grajaú, periferia de São Paulo. Aos 33 anos, chegou ao posto de codiretor executivo (o cargo mais alto da empresa) da TODXS, ONG que promove a inclusão de pessoas trans por meio de capacitações e consultorias. Ele trabalha desde os 16 anos e passou por empresas como Catho e Senac. É pedagogo e apaixonado por educação. A trajetória profissional de Gabriel soma mais de 15 anos.

    Sua principal atuação foi nas áreas de treinamento, desenvolvimento e cultura em ONGs, instituições de ensino, empresas de turismo, segurança, tecnologia e consultorias. Foi palestrante no TEDxBlumenau e no Gente, Gestão & Futuro 2023, um dos principais eventos de RH do Brasil. Sua luta é pela construção de ambientes corporativos mais equitativos e inclusivos, o que faz com que pessoas não precisem esperar 30 anos para ser quem são. (M.C.)

    Gabriela Augusto

    Formada em direito pela PUC-SP, Gabriela Augusto, de 30 anos, fundou a Transcendemos, consultoria em diversidade e inclusão, em 2017. A intenção era mudar a realidade de preconceitos que enfrentava ao tentar ingressar no mercado. A companhia lançou o “Manual Empresa de Respeito”, em que ela reuniu dicas de como combater a transfobia, o racismo e a homofobia no ambiente de trabalho.

    Hoje, se dedica a mostrar às empresas que a diversidade é uma riqueza, e não um problema, e que, por isso, deve ser respeitada, evidenciada e promovida. A primeira consultoria da Transcendemos, em 2018, foi para uma hamburgueria da Vila Madalena, em São Paulo.

    Os treinamentos logo passaram para empresas maiores, como Google, Itaú, Gerdau e Twitter. Gabriela já foi selecionada para a “Forbes Under 30” e é uma das 50 mulheres de impacto na América Latina, eleita pela “Bloomberg Línea”. Em 2020, recebeu o prêmio LGBTQIA+ Achievement Award da McKinsey, uma das maiores companhias de consultoria do mundo. No mesmo ano, foi eleita Top Voice do Linkedin. (M.C.)

    Isa Silva

    Isa diz que, por ser amorosa desde a infância, conseguiu se resguardar das violências que sofreu na vida. Esse amor se reflete no trabalho e nas reflexões que ela propõe por meio da arte. A diversidade é o ponto alto da marca Isaac Silva, com roupas que cabem em qualquer gênero, corpo e que referenciam origens africanas. A grife chamou a atenção, desde o início, de estrelas como Elza Soares e Gaby Amarantos.

    A sustentabilidade e o investimento em produtos nacionais também são temas que guiam a produção da designer, que se consagrou entre as maiores do Brasil. A estilista, de 34 anos, nasceu em Barreiras, na Bahia. Aos 19 anos, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no Bom Retiro, polo de confecção têxtil. A partir de 2015, passou a mostrar suas coleções na Casa de Criadores. Em 2018, fez seu primeiro desfile para a São Paulo Fashion Week. Seu lema, “acredite no seu axé”, guia sua produção artística e leva inspiração para quem a acompanha. (M.C.)

    Jota Mombaça

    A arte de Jota Mombaça, de 32 anos, ultrapassa barreiras. Nas palavras, nos desenhos, nas performances e nas instalações que produz, a crítica anticolonial e a desobediência de gênero são efervescentes. Sua ousadia está presente nos principais salões de arte do mundo. Jota já participou da 32ª e da 34ª Bienal de São Paulo, da 22ª Bienal de Sydney, da 10ª Bienal de Berlim e do 46º Salão Nacional de Artistas, na Colômbia. A arte da natalense investiga o queer no contexto brasileiro, suas subjetividades e marginalidades.

    É autora de “Não Vão nos Matar Agora” (Cobogó), livro em que traça reflexões sobre a produção de conhecimento da qual faz parte, permeada por tensões. Jota expõe as políticas de morte e de invisibilidade às quais os corpos racializados ao longo da história colonial foram submetidos. Em suas próprias palavras, “o futuro é um privilégio para poucos”. Em sua arte, ela cria, discute e pensa táticas de sobrevivência para si e para os seus e, assim, abre o caminho para os próximos tempos. (M.C.)

    Laerte

    Aos 72 anos, Laerte ******** é uma das mais importantes cartunistas do país. Iniciou a carreira nos anos 1970, na revista “Sibila”, e teve passagens por “O Pasquim” e pela “Veja”. Foi quando nasceram trabalhos marcantes, como as tiras dos “Piratas do Tietê” e a criação do grupo Los Três Amigos, ao lado de Angeli e de Glauco –e mais tarde de Adão Iturrusgarai. Na década de 1980, foi da equipe de roteiro de humorísticos da Rede Globo e trabalhou em “TV Pirata” e “Sai de Baixo”. Paralelamente, contribuía com as revistas “Geraldão”, que tinha Glauco como editor, e “Chiclete com Banana”, de Angeli. Criou para jornais como “O Estado de S.Paulo” e “Folha de S.Paulo”.

    Em 2010, Laerte se assumiu adepta do crossdressing. Durante seu período de transição, passou a se identificar como travesti e mulher transgênero, até se denominar atualmente mulher social ou mulher possível. Aos amigos, costuma brincar: “Não sou uma travesti que virou cartunista, sou um cartunista que virou travesti!”. É uma das fundadoras da Abrat (Associação Brasileira de Transgêneras) e da Transemprego, que facilita a entrada de mulheres trans no mercado de trabalho. Laerte estrelou o documentário “Laerte-se” (2017), da Netflix, que aborda sua vida e sua identidade de gênero. (Liv Brandão e M.R.)

    Lam Matos

    Ativista há 21 anos, Lam Matos, 40, foi coordenador do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades) e é atualmente membro da instituição. Fez parte dos debates sobre o processo transexualizador do SUS em meados de 2006 e esteve presente na reunião para a assinatura do decreto sobre o nome social, em 2016, com a ex-presidenta Dilma Rousseff. Lam inseriu o debate sobre a construção da identidade trans masculina na mídia.

    Participou do documentário “TransMissão” (2019), em que critica a ideia do que é parecer homem para a sociedade, criada sobre pilares machistas. Ele também prestou consultoria para a criação do personagem Ivan, da novela “A Força do Querer”, da TV Globo. Foi membro do Comitê de Saúde Integral LGBT do Ministério da Saúde e fez parte da organização da primeira Cartilha de Prevenção Combinada para Homens Trans e Transmasculinos, sobre prevenção de ISTs e saúde da população trans. (M.C.)

    Lea T

    Ícone da moda e da luta pelos direitos LGBTQIA+, Lea T, 42, foi a primeira modelo transexual a se tornar embaixadora de uma marca de cosméticos, a Redken, em 2015. A top model estrelou a primeira campanha para a Givenchy em 2010, impulsionada por Riccardo Tisci. Ela conheceu o estilista da marca ainda na adolescência, quando estudavam na Europa e ficaram amigos. Lea foi eleita uma das 12 mulheres que mudaram a moda italiana pela revista “Forbes”, ao lado de nomes como Miuccia Prada, Carla Sozzani, Eva Cavalli, Anna Dello Russo e Silvia Venturini Fendi, entre outras.

    Ela ainda foi eleita uma das cem mulheres mais influentes do mundo em 2020, de acordo com a BBC. Também foi a primeira pessoa trans, em 2016, a participar com papel de destaque da cerimônia de abertura de uma Olimpíada. Além de criativa, Lea faz questão de ser porta-voz da diversidade. Seu legado abriu portas para uma geração inteira. (M.C.)

    Lina Pereira

    Lina Pereira, 33, se fez Linn da Quebrada –Linn da Quebrada, Linnda Quebrada, Linnda que Brada– após um câncer, aos 23 anos. Depois da cura, renasceu performer, famosa por seus jogos de palavras, com a música “Enviadescer”, em 2017. Nascida na zona leste de São Paulo e criada parcialmente no interior pela família religiosa, colocou seu corpo no centro de seu processo artístico, como ficou evidente no documentário “Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla. O filme participou do Festival de Berlim de 2018, de onde saiu com o Teddy Award, prêmio dedicado a obras de temática LGBTQIA+.

    Nesse mesmo ano, lançou seu primeiro álbum, “Pajubá” –o segundo, “Trava Línguas”, saiu em 2021. Com a também cantora trans Jup do Bairro, estreou o programa de entrevistas “TransMissão”, no Canal Brasil, com discussões descontraídas sobre raça, sexualidade e gênero, com três temporadas. Foi também nessa época que estreou como atriz na série “Segunda Chamada”, da TV Globo, no papel da travesti Natasha. Ela ainda atuou na série “Manhãs de Setembro”, do Prime Video, ao lado de Liniker. Em 2022, participou do “Big Brother Brasil”, dando aulas sobre questões de gênero, em TV aberta, para o país inteiro. (M.M.)

    Luca Scarpelli

    Luca Scarpelli é um dos apresentadores da versão brasileira do incensado “Queer Eye” e é a única pessoa transexual do elenco, que conta ainda com Yohan Nicolas, Rica Benozzati, Guto Requena e com o ex-BBB Fred Nicácio, todos pessoas LGBTQIA+. Antes de entrar para o reality show da Netflix, ele ganhou destaque com o canal “TransDiário”, no YouTube, no qual compartilha sua vivência como homem transexual e propõe reflexões sobre o universo LGBTQIA+.

    Formado em propaganda e marketing e especializado em planejamento estratégico, Luca se mantém ativo online com temas que vão desde dicas de relacionamentos até amor-próprio, fazendo também vlogs descontraídos e montagens de looks. Recentemente, participou do documentário “Eu, Um Outro”, de Silvia Godinho, que retrata a história dele, de Thalles e de Raul, três pessoas trans. A obra aborda as vivências do trio e naturaliza a existência de corpos trans. Além das telas, Luca compartilhou em suas redes sociais seus primeiros passos, aos 31 anos, no mundo do surfe. Dessa forma, ele não só desafia estereótipos como demonstra que nunca é tarde para aprender algo novo. (M.R.)

    Luh Maza

    Aos 12 anos de idade, a carioca Luh Maza já sabia que queria contar histórias, fosse nos palcos, na frente das câmeras, ou mesmo nos bastidores. A diretora, roteirista e atriz, que completa 37 anos neste mês, teve sua primeira peça assinada aos 16. Foi a primeira roteirista transexual da televisão brasileira com a série “Sessão de Terapia”, da Globoplay e do Multishow. Pelo projeto, foi indicada ao Prêmio ABRA (Associação Brasileira de Roteiristas) de roteirista do ano, enquanto a série concorreu ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

    Foi ainda a primeira diretora trans convidada pelo Theatro Municipal de São Paulo. Ela escreveu e dirigiu o espetáculo “Transtopia”, sobre mulheres trans e travestis presas em um campo de concentração, num futuro distópico. Em seus trabalhos, alguns deles publicados na Europa e na África, procura dar visibilidade a minorias marginalizadas e expor a violência e a negligência sofridas pela população LGBTQIA+. Recentemente, participou como roteirista de uma minissérie baseada na chacina da Candelária e da adaptação do romance “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, para a televisão. (M.M.)

    Maite Schneider

    Maite Schneider sempre foi boa aluna. Mas, formada em direito, teve enormes dificuldades de conseguir empregona área, em sua cidade natal, Curitiba, por ser uma mulher transexual –mais uma barreira entre tantas para alguém que passou por cirurgias de redesignação sexual lá nos anos 1980. Por isso, ela se uniu a Márcia Rocha e Laerte para criar a TransEmpregos, em 2013, que já ajudou milhares de pessoas trans a encontrar trabalho em quase 2.000 empresas parceiras. Essa é só uma das iniciativas de Maite, 52 anos, na área de direitos humanos.

    Ela criou um dos primeiros sites de diversidade, Casa da Maite, em 1997, quando o assunto ainda era tabu. Também cofundou a SOMOS Diversidade, que ajuda pessoas com informações sobre vagas e como se inserir melhor no mercado de trabalho, e a Íntegra Diversidade, consultoria especializada em inclusão, constituída apenas por mulheres. É coautora do livro “Diversidade, Equidade e Inclusão – Tornar Simples o que Parece Complexo”, deu três palestras no TEDx, é professora da Aberje e faz parte do Comitê Consultivo do Programa Municipal de DST/Aids e da Frente Parlamentar pelos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Estado de São Paulo. (M.M.)

    Majur Harachell Traytowu

    Majur Harachell Traytowu, indígena da etnia boe-bororo, nasceu em Tadarimana, uma área de 10 mil hectares que abriga dez aldeias em Rondonópolis, Mato Grosso. Ela morou em várias comunidades de seu povo, mas, hoje, é a líder da aldeia Apido Paru. Com 32 anos, é a primeira cacica brasileira a fazer transição de gênero. Desde pequena, gostava de brincar com bonecas e de se vestir como menina. Nessa época, não havia muita informação. Com a chegada da internet e da televisão à aldeia, começou a se inteirar da possibilidade da transição.

    Ao acompanhar seu irmão num tratamento no hospital, passou por uma psicóloga que a auxiliou com informações. Segundo a mãe de Majur, pessoas como ela sempre existiram entre os boe-bororo e eram chamadas de aredo-imedu, ou imedu-aredo (mulher-homem ou homem-mulher, em tradução livre). Para ela, é importante levar essa visibilidade para fora da aldeia. Hoje, Majur é responsável por cerca de cem pessoas, incluindo seus sobrinhos.

    Durante a pandemia, também foi agente de saúde, zelando para que a comunidade ficasse livre da covid-19. O curta-metragem documental “Majur” (2018), dirigido por Rafael Irineu, conta sua história e foi exibido na competição do Festival de Gramado. (M.M.)

    Nany People

    Nany People não tem esse nome à toa. Ela sempre foi da galera, fazendo sucesso com todos os tipos de público desde a década de 1990, quando atuou como repórter do “Comando da Madrugada”, da extinta TV Manchete. Trabalhou com Hebe Camargo, Xuxa Meneghel e em humorísticos, como “A Praça É Nossa”, quebrando barreiras para as drag queens, como se definia então. Nany estudou interpretação no Teatro-Escola Macunaíma, em São Paulo, e fez extensão universitária na mesma área pela Unicamp.

    Destacou-se na TV com o papel de uma química transexual em “O Sétimo Guardião” (2018), da TV Globo. Também mostrou sua faceta cantora no programa “Popstar”, de 2019. Desde então, parece querer estar em todos os lugares ao mesmo tempo (inclusive, aqui na Billboard Brasil, veja seu Baú de Fotos na pág. 64). Aos 58 anos, participa da novela “Fuzuê”, da Globo, está lançando um EP com remixes de músicas de Natal e participação do Padre Fábio de Melo, percorre o país com o show “Sob Medida – Nany Canta Fafá”, prestando homenagem a uma de suas musas, Fafá de Belém. Ela volta aos palcos com o monólogo “Como Salvar um Casamento”, a partir de 23 de janeiro no Festival Porto Verão Alegre, na capital gaúcha. (M.M.)

    Neon Cunha

    Neon Cunha, mulher negra trans e ameríndia de 53 anos, tem sua história recortada por preconceito, racismo e LGBTfobia/transfobia. Em 2016, ao buscar retificar os documentos para usar seu nome social, desencadeou um marco importante nos diretos das pessoas trans no Brasil. Naquela época, era exigido aos transexuais um laudo médico, onde deveria constar o código da CID (Classificação Internacional das Doenças) relativo à disforia de gênero.

    Neon não só se recusou a apresentar o documento que patologizaria sua existência como fez um pedido de morte assistida à OEA (Organização dos Estados Americanos), caso seu gênero e sua identidade não fossem reconhecidos pela Justiça brasileira. O pedido foi negado pela OEA, mas Neon enfim obteve uma vitória. Em 2018, o STF (Supremo Tribunal de Justiça) reconheceu os direitos das pessoas trans.

    Ou seja, hoje, no Brasil, a retificação de gênero e nome em documentos oficiais não precisa mais de laudo médico para ser realizada. Neon Cunha teve sua luta reconhecida ao dar nome para a Casa Neon Cunha, localizada em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, onde oferece serviços à população LGBTQIA+ da cidade, com foco em pessoas trans. (M.R.)

    Noah Scheffel

    Noah Scheffel, de 34 anos, é fundador e CEO do EducaTRANSForma, o maior agente nacional de capacitação gratuita e de consultoria em empregabilidade para pessoas trans. Quem passa pelo processo seletivo escolhe entre trilhas de aprendizagem dentro das áreas de tecnologia, gestão e inovação. Essas pessoas também são treinadas em habilidades relacionais e acompanhadas durante o processo de inclusão no mercado de trabalho.

    O EducaTRANSForma impacta o mercado brasileiro desde 2019 e tem parceiros como Thoughtworks, SAP, Nubank e Meta, dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp. Noah foi o primeiro homem trans a ser escolhido como influenciador pelo Linkedin. Coleciona diversos prêmios entre os maiores influenciadores e agentes na área de RH, empreendedorismo e diversidade. Ele se descreve como mãe de Anita (nascida antes da transição de gênero) e pai de Helena (que nasceu depois). O que move seu trabalho é fomentar, diariamente, o senso de pertencimento de todos os recortes sociais e suas interseccionalidades. (M.C.)

    Renata Carvalho

    Renata Carvalho é atriz, performer, dramaturga, diretora e produtora. Ela mergulhou nos estudos da “transpologia” –termo criado por ela que fala sobre a representação social de pessoas transexuais e travestis. Ganhou projeção nacional quando estreou “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, monólogo impactante que reimagina Jesus C***** como uma figura transexual.

    O espetáculo gerou debates sobre identidades de gênero e, infelizmente, enfrentou censura em Jundiaí e Salvador. Por causa da obra, a artista recebeu ameaças. Isso acabou fazendo a peça se tornar um símbolo de resistência. Devido a esse episódio, Renata se reuniu a artistas, como Wagner Schwartz, para criar “Domínio Público”, uma resposta artística à polêmica e ao conservadorismo. Formada em ciências sociais, Renata é cofundadora do MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans). Recentemente lançou o livro “Manifesto Transpofágico” em quatro idiomas. Nele, narra a história de um corpo travesti em um monólogo. (M.R.)

    Roberta Close

    Roberta Gambine Moreira foi sinônimo de beleza e Carnaval para o Brasil dos anos 1980 e 1990, além de inspiração para quem veio depois. Seu sobrenome artístico, Close, surgiu de uma revista homônima, para a qual posou em 1981 e que a projetou nacionalmente. Ela foi a primeira mulher trans a estampar a edição brasileira da revista “Playboy”, em 1984. Roberta nasceu no Rio de Janeiro e saiu da casa do pai para morar com a avó aos 14 anos, por causa da violência que vivia. Na época, já entendia que era mulher.

    Por vergonha, o pai chegou a dizer às pessoas que ela era empregada da casa em vez de sua filha. A modelo foi descoberta aos 16 anos pelo empresário Guilherme Araújo, quando passeava em uma rua de Copacabana, no Rio. Dali em diante, brilhou como apresentadora, atriz e modelo em desfiles de grifes internacionais, como Thierry Mugler. Era a sensação dos Carnavais brasileiros. Atualmente com 59 anos, vive em Zurique, na Suíça, ao lado do marido, o empresário Roland Granacher. (M.C.)

    Thammy Miranda

    Aos 41 anos, Thammy Miranda exerce seu primeiro mandato como vereador pela cidade de São Paulo, onde nasceu. É o primeiro homem trans a ocupar uma vaga na assembleia. O nono vereador mais votado da metrópole nas eleições de 2020 encontrou sua vocação na política, mas deixa também uma história na carreira artística, apoiada desde cedo pela mãe, a cantora e dançarina Gretchen, ícone dos anos 1980.

    Suas principais pautas são o combate à violência contra a mulher, a promoção da aceitação dos transexuais na sociedade, além de educação e saúde. Em 2020, teve seu primeiro filho, Bento, com a mulher, Andressa Ferreira. No mesmo ano, Thammy estrelou a campanha de Dia dos Pais da marca Natura. A visibilidade fez com que o vereador fosse atacado pelos preconceituosos, mas foi um símbolo de representatividade para outros homens e pais trans Brasil afora. (M.C.)

    Tiely

    Tiely é considerado o primeiro rapper trans do Brasil, inserido na cultura hip hop desde os anos 1980. Atleta e multiartista: atua no teatro, na dança, na fotografia, no audiovisual, na música e na literatura. Aos 48 anos, é professor de história formado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e autor de “TransCorpoÉtico” (Ciclo Contínuo Editorial). O livro de poesias ganhou versão em inglês, “TransPoethicalBody”, lançada recentemente nos Estados Unidos e no Canadá pela Améfrica Press.

    Fundou o Ponto de Cultura Hip Hop Mulher, que tem projetos pelo Brasil com mulheres representantes da cena. Passou pelos grupos Tribo Cerebral e Fator Ético, que pertencem à Aliança Negra Posse, um dos coletivos de rap mais antigos de São Paulo. Desde seus primeiros passos, Tiely é voz ativa em projetos sociais e esportivos voltados para a periferia, com educação e empoderamento. A esses espaços leva pautas sobre violência contra a comunidade LGBTQIA+, direitos, questões de gênero e cultura. (M.C.)

    Tiffany Abreu

    Ser a primeira mulher trans no vôlei feminino brasileiro é um legado que Tifanny, de 39 anos, deixa para outras mulheres e futuras atletas. O esporte foi o amor de sua vida desde a infância, no interior do Pará. A atleta pausou a atuação nas ligas profissionais em 2012, quando vivenciou a transição para enfim ser o que realmente era. Voltou a jogar em um time da segunda divisão na Itália, dois anos depois, aos 31 anos. Em 2018, voltou ao Brasil para defender o Vôlei Bauru e enfrentou uma série de ataques. Isso, porém, não a deteve.

    Além de persistir e mostrar desempenho, se tornou uma voz potente no combate à transfobia dentro do esporte. Atualmente, Tifanny joga pelo Osasco e é embaixadora da Adidas. Ela entende que sua trajetória, ainda que tenha sido difícil, inspira outras atletas. “Se existo hoje é porque muitas outras lutaram e perderam a vida lá atrás. Muitas foram sacrificadas por serem quem são, por lutar por direitos que temos hoje.” (M.C.)

    Uýra Sodoma

    A floresta é parte intrínseca de UÝRA, 32 anos, bióloga, mestra em Ecologia da Amazônia, artista visual e arte-educadora. A indígena em diáspora, moradora de Manaus, transformou-se para ser a Árvore que Anda, criada a partir de elementos orgânicos, sementes, folhas, flores, ramos. Seu objetivo: provocar a reflexão, a preservação e a sustentabilidade ao mesmo tempo em que defende os direitos das mulheres e populações LGBTQIA+, negra e indígena.

    Esse corpo em mutação e em conexão com a natureza é usado para narrar histórias por fotoperformance, performance e instalações. Participou de mais de 50 exposições coletivas, inclusive nos Estados Unidos, na França e na Holanda. Foi destaque na 34ª Bienal de São Paulo, em 2021. Teve ainda mostras individuais em Manaus, em Innsbruck, na Áustria, e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 2022. Também no ano passado, foi tema do documentário “UÝRA – A Retomada da Floresta”, dirigido por Juliana Curi e premiado em festivais como o Frameline, em São Francisco, e o Outfest, em Los Angeles. (M.M.)

    Verónica Valenttino

    Desde bem pequena, Verónica Valenttino sabia que sua vida seria em cima de um palco. Mas ela não podia imaginar que se tornaria a primeira travesti a ganhar o prestigioso Prêmio Shell. Ela foi eleita a melhor atriz, em março de 2023, pelo espetáculo “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”. Em setembro do ano anterior, a atriz formada em artes cênicas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará também tinha sido a primeira travesti a levar o prêmio Bibi Ferreira, junto com sua colega de elenco Marina Mathey –Verónica saiu com o troféu de revelação, e Marina, com o de atriz coadjuvante.

    Os feitos históricos são uma amostra da importância de levar relatos de pessoas minorizadas para os palcos e as telas do país. “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” narra a trajetória da personagem-título, considerada o anjo da guarda das travestis por acolher pessoas LGBTQIA+ e com HIV rejeitadas pelas famílias, em um período de muito preconceito. Além de atriz, a cearense Verónica Valenttino, que completa 40 anos neste mês, canta, sendo vocalista da banda Verônica Decide Morrer. (M.M.)
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